A crescente importância das Energias Renováveis
Embora ainda exista uma parte da população mundial sem acesso à eletricidade, a maioria de nós está tão acostumada a ter esse acesso que geralmente o tomamos como garantido. Na maioria dos casos, nem sabemos de onde vem a eletricidade ou como ela é gerada, e apenas a usamos em nossa vida diária como se ela estivesse sempre lá (claro, desde que paguemos a conta de luz). Na verdade, a complexa rede de centrais elétricas e linhas de transmissão que nos fornece eletricidade confiável, segue regulamentos rigorosos quanto à quantidade e à qualidade da energia fornecida. Os governos nacionais com seus órgãos estatais são responsáveis pela aprovação dessas regras, pela padronização do fornecimento e pela previsão do crescimento econômico, a fim de manter o equilíbrio entre uma demanda e oferta crescentes.
Nas últimas décadas, a contínua e crescente penetração de fontes renováveis de energia na matriz energética está pressionando as formas convencionais de fornecimento de energia. A típica intermitência do recurso renovável, como por exemplo a variabilidade da velocidade do vento ou da irradiação solar, cria um fornecimento inconstante de eletricidade no qual a rede não foi projetada para operar. Colocando em palavras simples: quando não há vento ou o sol não brilha, não há geração de eletricidade das turbinas eólicas e do campo solar, ou esta é muito baixa, exigindo um fornecimento alternativo de energia. Por outro lado, quando a velocidade do vento é muito alta ou quando o sol brilha intenso no céu, poderia haver um excesso de eletricidade gerada em uma determinada região, o que poderia levar ao desperdício deste excesso. Além disso, a variação do recurso natural pode ocorrer várias vezes durante um dia típico.
Operadores de rede, agências nacionais e especialistas estão constantemente discutindo até que ponto a porcentagem de energia renovável intermitente pode ser integrada à rede sem causar sérios problemas na quantidade e qualidade do fornecimento. Esta discussão ainda está em andamento e a cada dia se torna mais relevante, principalmente devido a recente expansão do mercado energético de energia eólica e solar, que se tornou mais barata do que as usinas convencionais a carvão ou nucleares.
Alguns países estipularam uma meta de 20 a 30% de participação de fontes renováveis intermitentes na matriz energética, e outros, mais ambiciosos, elevaram os limites para 50%. O fato é que, juntamente com as novas formas de geração de eletricidade, também existem novos métodos de gerenciamento e distribuição de energia, o que significa que toda a demanda de energia pode ser suprida por fontes renováveis. Talvez as tecnologias necessárias para alcançar aqueles 100% com energias renováveis não estejam prontamente disponíveis em todos os lugares ou ainda sejam caras para serem amplamente implementadas, mas há um forte impulso de empresas e centros de pesquisa inovadores para essa direção.
Os principais problemas que estão sendo enfrentados no momento são a previsão dos recursos renováveis e a implementação do armazenamento de energia. O primeiro ponto está ligado a um melhor monitoramento climático e estatísticas aplicadas a fim de fornecer uma previsão confiável da eletricidade gerada ao longo do dia. O segundo ponto está em andamento com o desenvolvimento de baterias eficientes e de longa vida útil, armazenamento térmico e tecnologias de energia com gases renováveis como o hidrogênio.
Ainda há vários desafios a serem superados, mas a transição energética já está acontecendo e tomando impulso. A conscientização e a necessidade de ações imediatas para enfrentar a influência humana na mudança climática são fatores potenciais para acelerar esta transição. Alguns países já estão provando que 100% renovável é possível, com uma mistura de diferentes tecnologias e uma gestão adequada. A Dinamarca, por exemplo, produziu 100% de sua eletricidade durante 317 dias em 2017 utilizando apenas recursos renováveis, principalmente a energia eólica.
Como estamos cada vez mais interconectados, a necessidade de compartilhar boas práticas e responder a bons exemplos é mais necessária do que nunca. Existe também um enorme potencial de redução no consumo de energia se indivíduos e empresas mudarem seus hábitos e processos e adotarem equipamentos mais eficientes em termos energéticos. Este é um tópico importante que todos nós devemos incluir em nossas conversas diárias.